Quase todas as emoções humanas da vida real são retratadas em linguagem viva e muito expressiva. Assim, os resultados desastrosos da ambição, da represália (3:27-30), do desejo ilícito de possuir o cônjuge de outrem (11:2-4, 15-17; 12:9, 10), de atos traiçoeiros (15:12, 31; 17:23), do amor baseado somente na paixão (13:10-15, 28, 29), do julgamento precipitado (16:3, 4; 19:25-30) e da falta de respeito pelos atos de devoção de outrem constituem fortes avisos para nós. — 6:20-23.
Mas, tiramos proveito muito maior de Segundo Samuel, examinando-o de um ângulo positivo e seguindo seus numerosos e excelentes exemplos de boa conduta e boas ações. Davi é um modelo de alguém que demonstrou devoção exclusiva a Deus (7:22), foi humilde diante de Deus (7:18), enalteceu o nome de Jeová (7:23, 26), teve atitude correta na adversidade (15:25), arrependeu-se sinceramente do pecado (12:13), foi fiel à sua promessa (9:1, 7), manteve o equilíbrio sob prova (16:11, 12), teve confiança contínua em Jeová (5:12, 20) e demonstrou profundo respeito pelas providências tomadas por Jeová e pelas designações feitas por ele (1:11, 12). Não é de admirar que Davi tenha sido chamado ‘um homem que agradava ao coração de Jeová’! — 1 Sam. 13:14.
Em Segundo Samuel, encontra-se também a aplicação de muitos princípios da Bíblia. Entre estes, os princípios sobre a responsabilidade coletiva (3:29; 24:11-15), que as boas intenções não mudam os requisitos de Deus (6:6, 7), que a chefia estabelecida na organização teocrática de Jeová deve ser respeitada (12:28), que o sangue deve ser considerado sagrado (23:17), que se requer expiação pela culpa de sangue (21:1-6, 9, 14), que uma pessoa sábia pode evitar que sobrevenha calamidade a muitos (2 Sam. 20:21, 22; Ecl. 9:15) e que a lealdade à organização de Jeová e a seus representantes precisa ser mantida, “quer para a morte quer para a vida”. — 2 Sam. 15:18-22.
Mas, acima de tudo, Segundo Samuel aponta para o Reino de Deus e dá brilhantes vislumbres desse Reino que Ele estabelece nas mãos do “filho de Davi”, Jesus Cristo. (Mat. 1:1) O juramento que Jeová fez a Davi, relativo à permanência de seu reino (2 Sam. 7:16), é citado em Atos 2:29-36, com referência a Jesus. Que a profecia: “Eu mesmo me tornarei seu pai e ele mesmo se tornará meu filho” (2 Sam. 7:14), aponta realmente para Jesus, é demonstrado em Hebreus 1:5. Isto foi também comprovado pela voz de Jeová que falou desde os céus: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.” (Mat. 3:17; 17:5) Finalmente, o pacto do Reino com Davi é mencionado por Gabriel nas suas palavras dirigidas a Maria, ao falar de Jesus: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” (Luc. 1:32, 33) Quão emocionante parece ser a promessa da Semente do Reino à medida que se vai desenvolvendo cada fase diante de nossos olhos!