A ligação dos “céus” com poder governante ajuda no entendimento do sentido da expressão “novos céus e uma nova terra”, encontrada em Isaías 65:17; 66:22, e citada pelo apóstolo Pedro em 2 Pedro 3:13. Observando esta relação, a Cyclopædia (Ciclopédia, 1891, Vol. IV, p. 122) de M’Clintock e Strong comenta: “Em Isa. lxv, 17, um novo céu e um nova terra significam um novo governo, novo reino, novo povo.”
Assim como a “terra” pode referir-se a uma sociedade de pessoas (Sal 96:1); assim também “céus” pode simbolizar o superior poder dominante ou governo sobre essa “terra”. A profecia que apresenta a promessa de “novos céus e uma nova terra”, dada por meio de Isaías, tratava inicialmente da restauração de Israel do exílio babilônico. Quando os israelitas retornaram à sua pátria, eles entraram num novo sistema de coisas. Ciro, o Grande, foi destacadamente usado por Deus para realizar esta restauração. De volta em Jerusalém, Zorobabel (descendente de Davi) serviu como governador, e Josué, como sumo sacerdote. Em harmonia com o propósito de Jeová, este novo arranjo governamental, ou “novos céus”, dirigia ou supervisionava o povo sujeito. (2Cr 36:23; Ag 1:1, 14) Assim, conforme predisse o versículo 18 do capítulo 65 de Isaías, Jerusalém tornou-se “causa para júbilo e seu povo como causa para exultação”.
A citação de Pedro, porém, mostra que se devia aguardar um cumprimento futuro, à base da promessa de Deus. (2Pe 3:13) Visto que, neste caso, a promessa de Deus se relaciona com a presença de Cristo Jesus, conforme mostra o versículo 4 , os “novos céus e uma nova terra” devem relacionar-se com o Reino messiânico de Deus e seu domínio sobre súditos obedientes. Cristo Jesus, por meio da sua ressurreição e ascensão à mão direita de Deus, passou a ser “mais alto do que os céus” (He 7:26), no sentido de que ele foi assim colocado “muito acima de todo governo, e autoridade, e poder, e senhorio . . . não só neste sistema de coisas, mas também no que há de vir”. — Ef 1:19-21; Mt 28:18.