É o segundo ano após o Êxodo do Egipto, e os israelitas estão acampados em Cades-Barnéia, no ermo de Parã. Estão de prontidão na fronteira da Terra Prometida. Às ordens de Deus, Moisés está prestes a enviar 12 espias a Canaã. Ele diz: “Subi aqui ao Negebe, e tendes de subir à região montanhosa. E tendes de ver como é a terra e o povo que mora nela, se são fortes ou fracos, se são poucos ou muitos; e como é a terra em que moram, se é boa ou má, e como são as cidades em que moram, se é em acampamentos ou em praças fortes; e como é a terra, se é gorda ou magra, se há ou não há árvores nela. E tendes de mostrar-vos corajosos e tomar alguns dos frutos da terra.” — Números 13:17-20.
Os 12 homens começam sua perigosa viagem. Sua expedição dura 40 dias. Em Hébron, eles vêem homens muito altos. No vale de Escol, observam a produtividade da terra e decidem levar de volta alguns dos seus frutos. Um cacho de uvas é tão pesado, que tem de ser levado numa barra carregada por dois homens! — Números 13:21-25.
Voltando ao acampamento israelita, os espias relatam: “Entramos na terra à qual nos enviaste, e ela deveras mana leite e mel; e estes são os seus frutos. Não obstante, o fato é que o povo que mora no país é forte e as cidades fortificadas são muito grandes; e também vimos ali os nascidos a Anaque. Os amalequitas moram na terra do Negebe, e os hititas, e os jebuseus, e os amorreus moram na região montanhosa, e os cananeus moram junto ao mar e ao longo do Jordão.” (Números 13:26-29)
Dez espias não estão prontos para aceitar as ordens de Deus e entrar na Terra Prometida.No entanto, o destemido espia Calebe, com fé em Jeová Deus, exorta: “Subamos logo, e forçosamente havemos de tomar posse dele, pois certamente podemos prevalecer sobre ele.” Mas os dez espias discordam, dizendo que os habitantes cananeus são mais fortes do que os israelitas. Os aterrorizados espias, sem fé, consideram-se meros gafanhotos, em comparação. — Números 13:30-33.
“Jeová está conosco. Não os temais”, instam Calebe e Josué. Suas palavras caem em ouvidos surdos. Quando alguns falam em apedrejá-los, Deus intervém e profere uma sentença contra os resmungadores: “Não entrareis na terra a respeito da qual ergui minha mão em juramento para residir convosco, com exceção de Calebe, filho de Jefuné, e Josué, filho de Num. E vossos pequeninos . . . hei de fazer entrar e hão de conhecer a terra que rejeitastes. . . . E vossos filhos se tornarão pastores no ermo, por quarenta anos, . . . até que os vossos cadáveres cheguem ao seu fim neste ermo. Segundo o número dos dias em que espiastes o país, quarenta dias, um dia por um ano, um dia por um ano, respondereis pelos vossos erros por quarenta anos.” — Números 14:9, 30-34.
Passam-se os 40 anos de sentença, e a morte reinvindica toda uma geração de resmungadores. Mas Calebe e Josué continuam fiéis a Deus. Nas planícies de Moabe, Moisés e o sumo sacerdote Eleazar já contaram os homens em idade militar, de 20 anos para cima. Deus nomeia um homem de cada tribo de Israel para ser encarregado da repartição da Terra Prometida. Calebe, Josué e Eleazar estão entre eles. (Números 34:17-29) Embora agora Calebe já tenha 79 anos de idade, ele ainda é vigoroso, leal e corajoso.
Quando Moisés e Arão contaram o povo no Sinai, pouco antes de este temerosamente recusar entrar na terra de Canaã, os combatentes de Israel somaram 603.550 homens. Depois de quatro décadas no ermo, havia um exército menor de 601.730 homens. (Números 1:44-46; 26:51) No entanto, com Josué na dianteira e o fiel Calebe nas suas fileiras, os israelitas entraram na Terra Prometida e tiveram uma vitória após outra. Conforme Josué e Calebe sempre haviam esperado, Jeová ganhava as batalhas para o seu povo.
Os idosos Josué e Calebe, cruzando o rio Jordão junto com os combatentes de Israel, fazem a sua parte nas batalhas resultantes. Todavia, depois de seis anos de guerra, muita terra resta ainda para ser ocupada. Jeová expulsará os habitantes, mas agora decreta que a terra seja repartida por sortes entre as tribos de Israel. — Josué 13:1-7.
Calebe, veterano de muitas batalhas, está diante de Josué e diz: “Eu tinha quarenta anos de idade quando Moisés, servo de Jeová, me enviou de Cades-Barnéia para espionar o país, e vim trazer-lhe de volta notícia assim como estava no meu coração. E meus irmãos, que subiram comigo, fizeram que o coração do povo se derretesse; mas eu, eu segui integralmente a Jeová, meu Deus.” (Josué 14:6-
Sim, Calebe seguira integralmente a Jeová, fazendo plena e lealmente a vontade de Deus.
“Por conseguinte”, acrescenta Calebe, “Moisés jurou naquele dia, dizendo: ‘A terra em que teu pé pisou tornar-se-á tua e dos teus filhos como herança por tempo indefinido por teres seguido integralmente a Jeová, meu Deus.’ E agora, eis que Jeová me preservou vivo, assim como prometeu, durante estes quarenta e cinco anos desde que Jeová fez esta promessa a Moisés, quando Israel andou no ermo, e agora, eis que tenho hoje oitenta e cinco anos de idade. Contudo, sou hoje tão forte como no dia em que Moisés me enviou. Como era meu poder então, assim é meu poder agora para a guerra, tanto para sair como para entrar. E agora, dá-me deveras esta região montanhosa que Jeová prometeu naquele dia, pois tu mesmo ouviste naquele dia que havia ali os anaquins e grandes cidades fortificadas. Possivelmente, Jeová estará comigo e eu hei de desapossá-los, assim como Jeová prometeu.” Calebe recebe então Hébron como herança. — Josué 14:9-15.
O idoso Calebe recebe a parcela mais difícil — uma região infestada por homens de tamanho incomum. Mas isso não é difícil demais para esse guerreiro de 85 anos de idade. Com o tempo, os valentões que moram em Hébron são derrotados. Otniel, filho do irmão mais novo de Calebe e juiz em Israel, captura Debir. Ambas as cidades são mais tarde ocupadas por levitas, e Hébron torna-se cidade de refúgio para o homicida desintencional. — Josué 15:13-19; 21:3, 11-16; Juízes 1:9-15, 20.
